quinta-feira, 21 de julho de 2011

CONTO E CONTRACONTO...


Quem mandou eu estimular meus alunos a escreverem?
Dei um conto meu em aula para trabalhar as formas narrativas.
Qual não foi minha surpresa quando a Liana me enviou, dia desses, uma 'resposta' ao conto, muito criativa e original.
Li, gostei e fiquei contente de meu texto ter provocado outro. Acho que esse deve ser a maior retribuição de quem escreve...

Abaixo, os dois contos de que estou falando, o meu e o dela.
Agradeço as leituras:


RISCO III
(Marcos Fábio)


Ele sustentava três criaturinhas consumistas. As duas crianças, as piores exigências. Era o shopping, era o lanche do shopping, era o cinema, era a tv por cabo, era o videogame, era o lanche da escola, era a pizza do domingo à noite, era o presente para o aniversário do coleguinha do condomínio, era a roupinha nova para o aniversário do coleguinha do condomínio, era a natação, era o particular, era o inglês, era a revistinha, era a pipoca na frente da escola, era o material extra para a aula de artes, era o passeio da escola no fim de semana, era um presente qualquer visto na rua. A mulher lhe exigia um pouco menos, um pouco só.
Um dia, numa dessas viagens do trabalho, ele conheceu a Carolina. A Carolina trabalhava. A Carolina era independente. A Carolina era despojada de coisinhas materiais. A Carolina era viúva e seu único filho estava se formando naquele ano e já morava com a namorada. A Carolina se apaixonou por ele. E ele por tudo o que representava a Carolina.
Ele não pensou duas vezes quando a Carolina, três meses após o início do tórrido romance, fez o convite. Levou as roupas, os livros e os cd´s para o apartamento dela.
E as três criaturinhas consumistas tiveram de se virar sozinhas.



RISCO DE UMA CAROLINA
(Liana Melo Lima)

Fazia um ano desde que ele mudou definitivamente pra casa dela. Pensando naquele dia Carolina até sorriu um pouco, pois lembrou-se da sensação daquele momento, do seu triunfo ,finalmente ele havia abandonado a família pra ser só seu.
Mas o que poderia ter mudado tudo em tão pouco tempo?
Seria a roupa suja jogada no chão ou a toalha molhada sobre a cama? Seria a pasta de dente sempre aberta ? Seria a visita dos filhos dele que faziam de tudo para pirraçá-la? Seriam os desentendimentos na hora de administrar as despesas? Seria o short velho que ele usava pra dormir? Seria o ciúme que antes envaidecia e agora passou a incomodar? Seria o dia a dia? É... Seria.
Então Carolina não pensou duas vezes antes de despachar as malas dele para sua antiga casa e assim ver a sua própria voltar à tranquilidade de antes.

2 comentários:

  1. o mundo tá cheio de "ele" de "Carolinas"... Apesar das criaturinha que nos cercam torrarem nosso juizo, são elas que nos amam de verdade. E quando "eles" se deixam levar pela aparente perfeição das "Carolinas", pode ser tarde de mais para desfrutar desse amor.

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