domingo, 10 de julho de 2011

Um conto da Liana


Liana é minha ex-aluna do curso de Jornalismo. Fiquei alegremente surpreso quando ela me mandou este conto. Li e gostei. Compartilho:

SORRISO



Ela olhou o calendário e confirmou, faz quatro meses que o perdera para sempre, não que essa consulta fosse necessária, pois aquela era uma conta que fazia todos os dias, quase automaticamente.

-“É muito recente”, falou Mel em voz alta, mas para si mesma, tentando justificar sua tristeza.

Desde aquele dia, desde aquela notícia, nunca mais tinha sido a mesma. Talvez não quisesse mais ser, talvez jamais poderia voltar a ser.

Porém Mel nunca havia refletido sobre essas coisas antes, pois na verdade ela não formava ideias, não projetava, não mais fazia planos. Não andava chorando pelos cantos, nem se maldizendo. Mas a verdade é que agora ela só sofria, resolvera guardar sua dor o mais fundo possível, por achar que sofrer calada diminuiria o clima tenso que pairava naquela casa. Na verdade, não se sabe quem mais fingia, se Mel ou a família. Ou talvez não fosse fingimento de nenhuma das partes, apenas uma autodefesa, quase instintiva.

Naquele dia Mel acordou diferente, não podia tirar da cabeça o sonho que teve, quase não podia acreditar, havia abraçado ele de novo, foi o sonho mais real que tivera. Ele veio andando, sorrindo, ambos caminhavam para um abraço, o mais gostoso que já dera em alguém.

Já era noite e ainda não tinha conseguido parar de projetar aquele sonho em sua mente. Sentaram-se à mesa para jantar e Mel não resistiu e num impulso disse:

-Sonhei que o abraçava!

Imediatamente lágrimas desceram dos olhos de todos, menos dos de Mel; do seu rosto brotou um lindo sorriso, o primeiro em meses. Pois só nesse momento, ao ouvir suas próprias palavras (“Sonhei”. “Sonhei que o abraçava”), ela percebeu que voltara a sonhar.

Enquanto Mel revivia aquele sonho durante todo o dia, acrescentou a ele mais momentos mágicos, os que haviam passado e os que ainda viveria. Pensou em cada uma das vitórias que ainda alcançaria e que ele não iria presenciar. Mas curiosamente isso não a entristeceu, pelo contrário, sentiu-se totalmente motivada, agora ela sabia que a cada conquista, que em cada dia alegre, ou difícil, mesmo ela não vendo ele estaria lá para abraçá-la, e sempre rindo...

Não sei se os outros entenderam, o que sei é que desde aquele dia a dor ainda apertava, ainda havia dias nos quais não dava para conter as lágrimas, porém Mel agora vivia e sonhava. Sabia que ele não iria voltar, mas também sabia que onde ele estava ele só sorria, só sorria...


Liana Melo Lima Bittencourt
25-junho-2011

2 comentários:

  1. adorei o conto pois ele é profissionalista muito original só podia ser da minha tia lina liana parabéns do seu espetacular,lindo ,maravilhoso,bonito, carismático, inteligente e extrovertido sobrinho Bruno Lima

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  2. Parabéns, um conto o muito bem ambientado, pois me senti na historia , e devo parabenizar ,também, a história que é tocante ,por mais singela que seja.

    Do seu sobrinho Germano Lima

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